sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

História romantica para lésbicas complicadas

Era uma vez uma menina que nunca havia se entregado para ninguém. Com medo de se machucar, ela havia se fechado em uma casca por toda a sua vida. Em vez de pessoas, ela amava os animais - estes não a machucariam. E essa proteção funcionou por muitos anos. Para efeitos práticos, vamos chamá-la de Vera.
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Era uma vez outra menina, que havia se entregado demais (essa será chamada, a partir de agora, de Olívia). Corroída, usada, desprezada, essa menina morria de medo de sofrer de novo. E se protegia escondendo todas as suas fraquezas para parecer forte e satisfeita com sua vida.
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Um dia essas duas meninas se apaixonaram. As proteções e os orgulhos de início não atrapalharam. Tudo ia muito bem, cada uma pensando que estava mantendo o controle da situação. (Aliás, a necessidade de controle dessas duas era muito grande.) Até que um dia elas brigaram.
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Olívia, ao conhecer o imenso mundo dentro de Vera, se assustou. Ela não conseguiu esconder suas fraquezas, seu desconhecimento, seu estranhamento. Sentindo-se pequena e ignorante, repeliu Vera por medo de que ela a achasse desinteressante e burra e desejasse se afastar de vez.
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Vera, vendo-se finalmente despida de suas proteções, se percebeu vulnerável e desvalorizada. Sentiu como se seu mundo fosse desimportante para a outra, e ficou diminuída, triste, incrédula. Com medo de Olívia achá-la chata e desestimulante, fechou-se de novo em sua casca com toda sua mágoa e angústia pela expectativa de ser descartada. E, assim, as duas esperaram o término.
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Decidida a não sofrer de novo, Olívia (que já havia chorado, e gritado, e quase batido o carro) falou que não via motivos para as duas ficarem juntas. Vera, que sempre havia sido inabalável, chorou. Elas brigaram, gritaram, choraram e descontaram todos os medos e expectativas uma em cima da outra. Nessa noite, o namoro quase acabou.
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Depois que todas as emoções surgiram e foram embora, o que ficou foi a sinceridade. Tudo aquilo tinha acontecido, na verdade, pelos medos e orgulhos das duas. Envergonhadas, mas ainda machucadas, elas decidiram passar por cima daquilo. Vera foi para a casa de Olívia de madrugada. Elas se beijaram, declararam seu amor uma pela outra e dormiram juntas. E acordaram juntas no outro dia, e no outro, e no outro, e no outro, e no outro, e no outro, e viveram felizes para sempre!

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